Sombra de Vento
João Polido*O seguinte texto é uma versão traduzida e adaptada para o Jornal Coreia de uma sessão de escuta apresentada no ICA, Londres, em Dezembro de 2022, enquadrado no programa "Into Their Labours: The Films of António Reis and Margarida Cordeiro." O texto lido era intercalado com imagens, fragmentos sonoros e musicais. Encontra-se aqui com os suportes visuais e sonoros acrescentados.*
O último filme de Reis e Cordeiro, "Rosa de Areia" (1989), é o mais despojado de música (apenas presente durante o genérico) — prevalece o som. Este marca o fecho da trilogia de Trás-os-Montes que se iniciou com um filme com o mesmo nome, "Trás-os-Montes" (1976). Dos três, "Rosa de Areia" é o mais abstracto e literário; "um filme de matérias" (Reis), "para quem pode ainda ver e ouvir como que pela primeira vez" (Cordeiro). As narrativas são interpeladas por excertos de Kafka, Sagan, Montaigne e da própria Margarida Cordeiro, atravessando escalas micro e macro, do átomo ao cosmos, preocupando-se com a leitura humana feita sobre fenómenos e os efeitos destes. A temporalidade é quântica, indivisível; o presente sobrepõe-se com o passado e o futuro. Saltamos entre séculos enquanto olhamos a densidade e a fragilidade da duração do tempo em forma de estratos geológicos e da poeira à superfície.
Excerto 1: o vento
A sensibilidade material em "Rosa de Areia" atenta aos sentidos. A distinção tecnológica entre imagem e som cria leituras diferentes (embora não inteiramente incompatíveis) sobre realidade e ficção. A imagem em movimento é composta por várias fotografias, criando a ilusão de movimento, enquanto a medição (ou composição) do som não é divisível, dada a sua existência em tempo-espaço — não existe o equivalente a um freeze frame/imagem estática para o som. A qualidade efémera do som faz com que a sua percepção seja um espaço líquido, e que a observação dos seus efeitos possa ser igualmente dúbia.
Ao longo do filme, tomamos enquanto "real" os sons atribuídos às paisagens. O realismo do som é verificado pelos movimentos e espaços representados pela imagem. Este primeiro excerto de som é uma colagem de sons de vento presentes durante os primeiros trinta minutos do filme. Ouvem-se qualidades diferentes, desde brisas a rajadas e, perto do final, um vento mais afiado, agudo, e com modulações evidentes; preservando, ainda assim, um vestígio do que reconhecíamos enquanto vento no início do excerto. Condensa-se aqui uma mudança que acontece lentamente ao longo de várias cenas do filme. No excerto acima, destaco quatro sequências pela qualidade do vento:
a) brisa enquanto uma personagem cega caminha numa seara;
b) rajadas e assobios durante uma procissão;
c) um plano-sequência que examina a paisagem desde um grupo de personagens no cimo do monte até um esqueleto recentemente desenterrado — aqui o som não está nem no ponto de perspectiva da câmara nem onde a lente alcança —, ouve-se um som filtrado, como se atravessasse um tubo;
d) após esse plano seguem-se outros apenas preenchidos por silêncio, até este silêncio ser interrompido pela compositora Constança Capdeville num prado, a girar um tubo de PVC amarelo, produzindo um particular assobio de vento.
A transposição do som do vento da sequência da procissão para o vento fabricado por Capdeville não é apenas acústica (ou estética), mas também semântica. Em "Rosa de Areia", a compositora toma um papel de figura ou guia espiritual. Numa outra cena, vemo-la a realizar o mesmo movimento de vento com o tubo harmónico no cimo de um monte com um grupo de mulheres sentadas à distância, em frente de um estábulo. No final da sequência, caminha em direção a este grupo e entra no estábulo, enquanto o grupo eleva pedaços de uma rede vermelha translúcida, içando-a ao vento e deixando-a cair sobre os seus corpos. Entra no plano o pai de um rapaz que acabara de morrer. Trata-se de um ritual de culto aos mortos.
Reis e Cordeiro engenham uma versão da Encomendação das Almas, um ritual com especial peso na região transmontana, realizado durante o período da Quaresma. Esta era uma prática comum no mundo rural português e a partir de 1930-40 acabara por cair em desuso.(1) Era organizada por grupos formados principalmente por mulheres que se reuniam à noite, "em pontos altos ou em encruzilhadas das suas aldeias para cantar e rezar pelas almas do purgatório".(2) O grupo atravessa a aldeia a apelar aos "pecadores" que estão a dormir que acordem e o acompanhem com as suas rezas de modo a “encomendarem” as almas dos mortos para o Paraíso. As encomendadoras vestem-se com roupa preta, cobertas por um xaile de lã negro, e dependendo das aldeias utilizam artefactos rituais como matracas ou sinos. Paralelos a estes estão, portanto, a roupa preta de Capdeville, a rede vermelha translúcida e o tubo de PVC, gerador de vento.
Capdeville encomenda o vento/espírito: "A alma do doente já voltou à sua casa.” O ritual é dado como finalizado com a prova de uma pena pousada sobre o cabelo do rapaz que acabara de morrer. Imóvel, livre de vento.
A problematização de causalidade é uma premissa presente noutros elementos de "Rosa de Areia", como na referência feita no filme ao físico Niels Bohr, popularmente associado aos campos da teoria quântica e da estrutura atómica,(3) ou através de uma série de interrogações sobre lei, identidade, origens e memória. Este acto de revelar uma ilusão (ou a sua possibilidade) sequestra a trajetória de reflexão (quero dizer, a identificação da realidade), a quebra da expectativa de como algo deveria soar.
As modalidades de realismo e surrealismo de Reis e Cordeiro interagem continuamente, num sentido fanoniano de "introduzir a invenção à existência",(4) ilustrando que "...a realidade num mundo, tal como o realismo num quadro, é em grande parte uma questão de hábito.”(5)
Excerto 2: Constança Capdeville — “Libera Me” [versão de 1986]
Esta peça da compositora e instrumentalista Constança Capdeville é um trabalho interdisciplinar que cruza música, dança e artes visuais, tendo várias iterações ao longo de um período de anos: primeiro como bailado em 1977, depois em concerto em 1979, e por fim como bailado e concerto em 1981. É uma peça para coro, piano, percussão e electroacústica (fita magnética). Foi aqui que Reis e Cordeiro ouviram o tubo harmónico que faria parte do “Rosa de Areia”. Porém, ao contrário do filme, em "Libera Me" o som é polifónico — várias vozes de vento.
Com um passado em estudos de música antiga (paleografia e transcrição), organologia (estudo de instrumentos musicais) e práticas performativas, o processo composicional de Capdeville não era simplesmente enformado por música. Nas suas peças performativas, Capdeville redigia guiões ou partituras individuais para cada elemento da peça — o que actualmente se torna um obstáculo ao trabalho de arquivo e de reprodução, uma vez que o material muitas vezes se encontra fragmentado, perdido ou somente acessível através dos testemunhos vivos dos intérpretes que estiveram envolvidos nas mesmas.(6)
O musicólogo Paulo Ferreira de Castro descreve o trabalho de Capdeville como "uma arte de interrogação sobre formas e objectos, uma invocação ritual de arquétipos sónicos e visuais investidos de uma força mágica, anterior à 'cristalização' de qualquer sistema"(7), desenvolvendo uma sensibilidade para o som e o silêncio. Algo semelhante poderia ser escrito sobre a prática cinematográfica de Reis e Cordeiro, no seu olhar sobre linguagem e cognição antes de qualquer forma de cristalização, envoltos por Trás-os-Montes. As interrogações de Capdeville seriam realizadas, por exemplo, pela utilização experimental de instrumentos convencionais sob um estilo electroacústico — produzir música electrónica através de meios acústicos. Procuravam-se sons aparentemente electrónicos ou, simplesmente, sons que não seriam tão reconhecíveis a partir de um determinado instrumento.(8)
Um outro método abordava material musical e história da música. Capdeville reutilizava excertos de peças musicais de outros compositores, adaptando-as às suas, não meramente como citação, mas assumindo-as como “material musical em bruto” para ser transformado.(9) Um jogo entre o reconhecível e o abstracto trabalhado ao nível da memória para criar nova música a partir de matéria-prima musical, ou seja, capaz de moldar uma linguagem préexistente, mas não se deixar subjugar inteiramente a ela. Com um sentimento semelhante, Capdeville expressava a necessidade de reconciliar a música do passado com a do presente, imaginando a convergência de repertórios e de formatos de apresentação através de várias disciplinas.(10)
Excerto 3: o assobio
"Trás-os-Montes" (1976) abre com a paisagem da própria região, sobre a qual irrompem os gritos e assobios de um rapaz pastor que organiza o seu rebanho. A sua voz é seguida dos badalos das ovelhas, em que a percussão equivale a movimento. A câmara aproxima-se de um rochedo e foca a atenção em pinturas rupestres escondidas no granito. O filme retrata, e ficciona, os habitantes das periferias de Bragança e de Miranda do Douro e a transformação de modos de vida, assim como as histórias e memórias de um povo e de uma região.
O filme orienta-se, também, por distâncias: um afastamento "no duplo sentido de estar longe (exílio) e do próprio acto de afastar (longe da vista e esquecimento)".(11) A distância entre a capital e a região mostra-se abissal, ao ponto de a lei vinda de Lisboa chegar lá difusa, manifestando a sua presença através de mandatários e da exploração mineira da região. Mais próximo de Trás-os-Montes está a França e a Alemanha, em processos tecnológicos avançados, para onde muitos dos camponeses acabam por migrar, deixando para trás os seus campos e a família à espera da próxima notícia e do envelope com dinheiro para viver. A distância real não é geográfica, mas sim simbólica. O comboio torna-se símbolo do êxodo rural, simultaneamente veículo e ponte de comunicação.
Na última cena do filme, a câmara segue à distância o comboio que sai da aldeia por entre a escuridão de um Sol ainda por nascer. É difícil distingui-lo da madrugada, dando tréguas apenas nos breves instantes em que o fumo branco indica a sua posição espacial, e o seu apito ressoa a sua posição temporal.
É neste momento que os assobios e gritos do jovem pastor ressurgem como que sintetizados. O apito do comboio tem uma qualidade antropomórfica, próxima da fragilidade da ressonância e vibração da voz. Sobrepõe-se o sinal de recolher do pastor a um de êxodo. Através desta afinidade de qualidade sonora, materializa-se um dispositivo mnemónico sónico, outra rutura de uma causalidade linear e cronológica.
As temporalidades presentes no filme resistem à cristalização. A medida do tempo é orientada pelo modo de vida subsistente da comunidade. John Berger, no livro Pig Earth (integrado na sua trilogia de livros sobre o camponês europeu, Into Their Labours), oferece a ideia da vida como um interlúdio. O ciclo ininterrupto de nascimento, vida e morte que o filme retrata não é apenas uma experiência individual ou ontológica, mas uma experiência colectiva e antológica.(12) Explorando este sentido, Reis e Cordeiro abordam o parentesco, a camaradagem e uma pertença partilhada, mas também as suas respectivas sobreposições físicas (relativamente à arquitectura da aldeia) e densidades espirituais (formas sociais e práticas rituais ou cultos).
Os ciclos de interlúdios são acompanhados pela tradição: "Uma cultura de sobrevivência contempla o futuro como uma sequência de actos repetidos para a sobrevivência. Cada acto empurra um fio através do olho de uma agulha e o fio é tradição".(13)
Em paralelo a "Trás-os-Montes", filmado em pleno PREC (Processo Revolucionário em Curso), a música e a tradição foram dos campos mais disputados em Portugal. No início da ditadura fascista sob António Oliveira Salazar, em 1932, a música já tinha um papel privilegiado na política vindoura. António Ferro, escritor, jornalista e, mais tarde, director do SPN (Secretariado de Propaganda Nacional), assim o assumiria no seu artigo sobre uma Política do Espírito, em Novembro de 1932 no Diário de Notícias, ao citar Bonaparte: “Entre todas as artes é a música a que maior influência exerce nas paixões, e, por isso, um legislador deveria preocupar-se mais com ela do que com qualquer outra”.(14) A Política do Espírito desenhado por Ferro, e adoptada por Salazar, era um mecanismo de propaganda que ajudaria a curar uma crise de identidade (europeia).(15) Alguns dos seus principais objectivos eram, por exemplo, resgatar o passado mítico da nação (o período de expansão e colonização imperialista transatlântica) e a (re)construção de uma identidade nacional patriarcal através da preservação da paz, daí o posicionamento político ambíguo de Portugal durante a II Guerra Mundial.
Em 1940, Salazar descreve que "para a formação da consciência pública, para a criação de determinado ambiente, dada a ausência de espírito crítico ou a dificuldade de averiguação individual, a aparência vale a realidade, ou seja, a aparência é uma realidade política. E este errado conhecimento das coisas é pior que a ignorância delas".(16) Ou seja, descreve uma forma de poder brando, decretado por representações que vão de acordo com categorias previamente impostas. Uma ficção que se infiltra lentamente na realidade e que, de seguida, a sequestra.
O que acontece nos 20 anos seguintes é a conversão de práticas culturais num bem turístico através de aparelhos do Estado Novo, como a FNAT (Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho), as Casas do Povo, e o SPN/SNI (Secretariado Nacional de Informação).(17) No mesmo período verifica-se um aumento de produção folclórica e a consolidação de representações simbólicas (i.e. modelos identitários) e repertórios populares das regiões portuguesas. As canções tradicionais seriam adaptadas em melodia e ou letra, censuradas ou ideologicamente distorcidas.(18)
Em 1959, Michel Giacometti, etnólogo corso acabado de chegar a Portugal, propõe à Fundação Calouste Gulbenkian o seu projecto de recolha etnográfica sobre Trás-os-Montes, tendo um parecer negativo embora aprovado pelo compositor e musicólogo Fernando Lopes-Graça, que daí adiante acompanharia Giacometti no seu trabalho para os Arquivos Sonoros Portugueses.(19)
Excerto 4: José Manuel Martins (Cércio) – “Encomendação das Almas” [Fernando Lopes-Graça e Michel Giacometti – Trás-os-Montes, 1960]
No final de 1920, a tendência na música era de um nacionalismo musical; uma ideia socialmente hierárquica de trabalhar com "melodias tradicionais dos camponeses" que os "centros civilizados" ainda não conheciam, procurando "na melodia popular a inspiração genuína, única e exacta".(20) Opõe-se o urbano ao rural, a alta cultura à cultura popular.
Em 1931, Lopes-Graça, embora aderindo inicialmente a esta tendência, opõe-se à ideologia nacionalista e à "lei etno-psicológica, formulada por um conhecido jornalista português", que depois se designaria Política do Espírito.(21) A rejeição de uma identidade nacional dada e hegemónica acontece a Lopes-Graça ao mesmo tempo que o folclore estava a ser organizado como dispositivo de propaganda.(22) Como estratégia de resistência, o compositor re-trabalha a música regional portuguesa na forma de harmonizações, assumindo um critério étnico-estético — um modelo dialéctico entre sujeito e colectivo, “uma política de identidade que rompesse com a cultura de massas”.(23)
Excerto 5: Fernando Lopes-Graça – “Acordai, Pecadores” [Onze Encomendações das Almas e Doze Cantos de Romaria, 1991]
A estratégia de harmonizações, adaptações, ou de versões, pode ser transposta por diversas técnicas de composição ou tecnologias de processamento de áudio. Sobre o uso de informação musical como matéria-prima e ferramenta organizadora de expressão, relembro várias vezes a ideia de Lopes-Graça sobre uma dívida cultural por saldar. Ao usar as melodias populares ele assume o "roubo", "não para as guardar para mim, mas com o objectivo de as devolver, possivelmente com uma taxa de juros sobre o roubo".(24) No entanto, não as devolve tal como as encontrou. Não será um eco das músicas mas um outro vestígio.
A antropóloga Ann Rigney, ao tomar o passado como “um produto de mediação, textualização, e de actos de comunicação”,(25) aponta para um modelo de memória cultural sócio-construtivista, em que “as memórias de um passado partilhado são colectivamente construídas e reconstruídas no presente em vez de ressuscitadas do passado”;(26) numa tentativa de reconhecer a inerência da perda de memória e abandonando a utopia de uma recordação plena. A memória cultural corresponde a um período de tempo mais longo, quando os testemunhos em primeira mão se tornam (quase) extintos, restando apenas relíquias e artefactos. “Rosa de Areia”, como “Trás-os-Montes”, navega reflexões de um objecto extinto (ou em vias de). Através de técnicas diferentes de justaposição temporal/narrativa, visual e sónica, procuram a composição de mundos, parecendo sugerir que “o mundo tal como o conhecemos começa sempre a partir de mundos que já estão à mão”.(27)
(1) Pedro Gonçalo Pereira Antunes, Depois da Morte. O Restauro Imaterial da Encomendação das Almas. Tese de doutoramento em Antropologia: Políticas e Imagens da Cultura e Museologia, Lisboa, ISCTE/NOVA FCSH (2021), 2.
(2) Ibid., 1.
(3) “Rosa de Areia” re-encena uma fotografia tirada em 1954 aos físicos Niels Bohr e Wolfgang Pauli, na qual estes observam a rotação de um pião. Com este brinquedo inicialmente a girar ao contrário, acontece um fenómeno mecânico que inverte o pião (e a sua rotação), pondo-o a rodar em pé. Citando o filme: “[O brinquedo] nos permite ter um modelo macroscópico mecânico de uma transição quântica.”
(4) Frantz Fanon, Black Skin, White Masks (Nova Iorque: Grove Press, 2008), 204.
(5) Nelson Goodman, Ways of Worldmaking (Indianapolis: Hackett, 2013), 20.
(6) Filipa Magalhães, Musicological Archaeology and Constança Capdeville, TDR: The Drama Review, 66, n.º 3 (Setembro de 2022), 65, 76. https://doi.org/10.1017/S1054204322000302. target="_blank">https://doi.org/10.1017/S1054204322000302.
(7) P. F. Castro, Constança Capdeville um acto de aprendizagem, in Notas de Programa dos 16º Encontros Gulbenkian de Música Contemporânea (Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1992), 86.
(8) Filipa Magalhães, Musicological Archaeology and Constança Capdeville, TDR: The Drama Review, 66, n.º 3 (Setembro de 2022), 65-67. https://doi.org/10.1017/S1054204322000302.
(9) Filipa Magalhães, A obra de Constança Capdeville: itinerários artísticos, sociais e afetivos, in Geografias Culturais da Música, do Som e do Silêncio, ed. Ana Francisca Azevedo et al. (S.l.: Lab2PT, 2020), 292-293; M. Ramalho, O sucesso para quê? Entrevista com Constança Capdeville, in Informação Musical, n.º 6 (1982), 5.
(10) Filipa Magalhães, A obra de Constança Capdeville: itinerários artísticos, sociais e afetivos, in Geografias Culturais da Música, do Som e do Silêncio, ed. Ana Francisca Azevedo et al. (S.l.: Lab2PT, 2020), 298.
(11) Serge Daney, Longe das leis, in O Olhar de Ulisses n.º 2: O Som e a Fúria (Porto: Capital Europeia da Cultura, 2001), 77-79.
(12) Segundo uma proposta de Fred Moten durante o seminário Black Preformance: Violence no Teatro do Bairro Alto (Lisboa, Outubro de 2022), o termo antológico é oferecido para pensar sobre processos de individuação e corpos e formas de viver que desafiam uma circunscrição simbólica, tendo uma prática inerentemente colectiva.
(13) John Berger, Pig Earth, (Nova Iorque: Vintage Books, 1992).
(14) António Ferro, Salazar: O Homem e a sua Obra, 3.ª ed. (Lisboa: Empresa Nacional de Publicidade, s.d.), 275.
(15) Maria de São José Côrte-Real, “Musical Priorities in the Cultural Policy of Estado Novo”, Revista
Portuguesa de Musicologia, n.º 12 (2002), 227.
(16) António de Oliveira Salazar, Discursos e Notas Políticas vol. III – 1938-1943. 2.ª ed. (Coimbra:
Coimbra Editora, 1959), 130-32.
(17) Maria de São José Côrte-Real, “Musical Priorities in the Cultural Policy of Estado Novo”, Revista
Portuguesa de Musicologia, n.º 12 (2002), 233.
(18) Dulce Simões, “O canto que virou património: da “Beleza do Morto” aos futuros possíveis”, Trabalhos de Antropologia e Etnologia, n.º 60 (2020), 337-338; Maria do Rosário Pestana, “Alentejo, visibilidade e ocultação: scriptualização e institucionalização de práticas musicais rurais”, in Cantar no Alentejo: A Terra, o Passado e o Presente (Estremoz: Estremoz Editora, 2017), 135.
(19) Mário Vieira de Carvalho, Lopes-Graça e a Modernidade Musical (Lisboa: Guerra & Paz, 2017), 91.
(20) Ibid., 70-71.
(21) Ibid., 72-73.
(22) Ibid., 74.
(23) Ibid., 77, 97.
(24) Fernando Lopes-Graça, A Música Portuguesa e os Seus Problemas II, 2.ª ed. (Lisboa: Editorial Caminho, 1989),117.
(25) Ann Rigney, “Plenitude, Scarcity and the Circulation of Cultural Memory”, Journal of European Studies, vol. 35 n.º 1 (2005), 14. Tradução própria.
(26) Ibid., 14. Tradução própria.
(27) Nelson Goodman, Ways of Worldmaking (Indianapolis: Hackett, 2013), 6. Tradução própria.